terça-feira, 31 de agosto de 2010

Carromentando: diferenças de categorias

O assunto de hoje é sobre o desequilíbrio entre um carro brasileiro e o seu equivalente europeu. Não, não vou falar sobre o desequilíbrio de qualidade, mas sim da categoria que as montadoras enquadram seus modelos no nosso país.



Não é de hoje que recebemos carros iguais ou quase iguais à algum equivalente estrangeiro.Mas, ao desembarcar por aqui, as montadoras vendem de categoria diferente da que era vendida no país de origem. Ou seja, sempre veremos em nosso país carros que são ditos populares na Europa, mas é dito como hatch médio ou de luxo aqui. Um exemplo bem claro é o Fiat Punto. Na Europa, ele é enquadrado na categoria de populares (a mesma categoria que temos aqui Gol, Celta, Palio e afins) e vendido à preço de Palio. Já no Brasil, a montadora italiana resolveu "arregalar" o olho em cima do brasileiro e colocou o seu hatch como "premium", com preço de carro grande. Mesmo exemplo serve à Ford. O recente "New Fiesta" desembarcou no Brasil e quer uma grande fatia da categoria de...Premiuns, com preço de sedan médio! Esse novo Fiesta era para substituir o modelo atual. Mas não foi o que aconteceu. Outro exemplo dentro da marca é o Focus. Aliás, não só ele, como todos os hatches médios vendidos no Brasil que tem seus similares europeus são na verdade populares querendo se passar por gente grande. Se tivéssemos um padrão semelhante ao padrão europeu, Ka, Celta, Uno e fafins nunca existiriam. Em seus lugares entrariam New Ford Ka, Opel Corsa, e Fiat Punto, Honda City. Na categoria não-populares (onde se enquadra no Brasil GM Corsa e cia) viria New Fiesta, Fiat Linea, Honda Civic, Opel Astra. Na nossa categoria de carros "premiuns", entrariam o Opel Vectra, Ford Fusion, Honda Accord, etc. Assim, os modelos médios em diante ficariam por conta dos Audi e BMW e outras marcas de luxo.

Por que temos essa diferença enorme de preço e categoria no Brasil? Simples. O nosso governo arrecada absurdos de impostos para modelos que vem de outros paises, como também dos que são vendidos no Brasil. E também vai da ganância de cada montadora. Porém, mesmo se reenquadrássemos os carros que temos aqui nas suas categorias corretas, o valor de cada modelo não iria ser o mesmo. Se colocássemos o Punto no lugar do Palio, o seu preço não seria o mesmo, e sim um pouco mais caro. Na Europa, os seus populares tem valor equivalente à um modelo médio aqui. E lá é assim porque eles tem condições de ter esse tipo de carro. Aqui, como o brasileiro não tem condições financeiras iguais à Europa, esses carros são colocados no "andar de cima", ficando embaixo criações brasileiras, como os nossos Populares. Popular Europeu tem ABS com EBD, teto solar, rodas de liga e muitos outros mimos. Aqui, popular é aquele que anda pelado, sem equipamento nenhum. Mas nós brasileiros somos muito mão fechadas. Temos um padrão de preço diferente do cidadão europeu. Enquanto na visão de uma pessoa que vive na Europa é de preços na faixa de R$ 40 mil, o padrão nosso não passa de R$ 30 mil. Eles tem esse padrão porque podem pagar por isso. Nós temos uma economia que não anda, e quando quer andar arregalam o olho encima de nós. Não quero que nossos populares saiam de linha um dia. Queria apenas que fizessem carros populares com os mimos que queremos ao mesmo preço que praticamos por aqui. Mas vai chegar o dia em que os populares serão extintos, onde por aqui a entrada para quem quer ter o primeiro carro será um Palio, este que terá um preço bem mais salgado dentro de alguns anos. Aí sim, depois de ter sumido com os populares, o Palio (que foi substituido pelo Punto em 2004 em alguns países) sera enquadrado como popular, mesmo tendo "preço alto". E se um dia isso acontecer, é porque já termos condições de pagar RS 40 mil também como um cidadão europeu.

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